Esterco de galinha vira negócio de milhões para produtor de ovos
Granja Faria vai fabricar fertilizantes a partir do resíduo gerado em suas granjas que produzem 7,2 milhões de ovos por dia
Ciclo completoFertilizante produzido a partir de dejetos de aves vai para produção de grãos que vira ração na produção de frango e ovos(Bloomberg/Andrey Rudakov)
Blooomberg Linea — Cerca de 14 milhões de galinhas, produzindo 7,2 milhões de ovos todos os dias, liberam uma quantidade de resíduos consideravelmente alta. Só que por trás desta montanha de dejetos, esconde-se um dos ativos agrícolas mais valorizados ultimamente, principalmente por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia: fertilizantes.
De olho nesse mercado, a Granja Faria, uma das maiores produtoras de ovos do Brasil, investiu R$ 50 milhões para construir duas fábricas de fertilizantes orgânicos enriquecidos com minerais fosfatados. A empresa vai produzir 200 mil toneladas por ano de um insumo que tem sido cada vez mais valorizado no mercado nacional e internacional.
“Ao longo de todo o ano ado começamos a produzir e fazer os ajustes técnicos do produto em nossa unidade do Tocantins. Agora, iniciamos a operação da fábrica de Lavras (MG) e ainda em março começamos as vendas”, afirma Denilson Dorigoni, CEO da Granja Faria.
As fábricas de fertilizantes ficam integradas a duas granjas da empresa. Basicamente, os resíduos gerados na produção de ovos são a matéria-prima da fábrica de fertilizante. Ao todo, a companhia possui 10 granjas, que potencialmente poderão agregar unidades de fertilizantes para ampliar o negócio. A próxima fábrica, ainda sem data para iniciar as operações, deve ser instalada no Paraná.
O negócio de fertilizantes será apenas mais um na diversificada operação da Granja Faria. A empresa tem 14 milhões de aves em produção, das quais 10 milhões se dedicam à produção de ovos comerciais e outras 4 milhões à de ovos férteis, para o nascimento de pintinhos que se transformarão em frangos de corte. No total, são cerca de 216 milhões de ovos por mês.
Diante do tamanho, a empresa inaugurou no ano ado duas lojas físicas dedicadas a comercializar alimentos à base de ovos. Com uma unidade na capital de São Paulo e outra em Minas Gerais, outras três estão previstas para abrirem as portas ainda este ano, com a meta de existirem 30 em todo o país nos próximos cinco anos, sob a bandeira Eggy. “No ano ado, atingimos a meta de alcançar um faturamento de R$ 1 bilhão. Para este ano, a expectativa é vender R$ 1,3 bilhão, incluindo os ovos comerciais, férteis, varejo e também os fertilizantes”, afirma Dorigoni.
A Granja Faria é um dos negócios do empresário Ricardo Faria, que inaugurou a empresa em 2006. Dez anos antes, em 1997, ele investiu US$ 16 mil e montou a rede de lavanderias Lavebras, vendida duas décadas depois para um grupo francês por R$ 1,7 bilhão. No ano ado, Faria desembolsou R$ 1,8 bilhão para comprar a Insolo Agroindustrial, uma das maiores produtoras agrícolas do país. Com mais de 120 mil hectares plantados com grãos, fica atrás apenas dos grupos SLC, Bom Futuro, Amaggi e Scheffer.
Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com agens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.