Antes de negociar com Milei, FMI aponta erros da Argentina em acordo de US$ 44 bi
Fundo Monetário Internacional publicou análise sombria de seu programa mais recente que fracassou no país e acusou o governo do ex-presidente Alberto Fernández de descarrilar a economia
Antes de negociação com Milei, FMI aponta erros da Argentina em acordo de US$ 44 bi |O Fundo Monetário Internacional criticou o governo do ex-presidente Alberto Fernández
Bloomberg — O Fundo Monetário Internacional publicou uma análise sombria de seu programa mais recente que fracassou na Argentina, concluindo uma etapa técnica necessária antes que o presidente Javier Milei negocie um novo acordo neste ano.
A equipe do FMI publicou no final da sexta-feira (10) uma avaliação do programa da Argentina que originalmente totalizava US$ 44 bilhões, o segundo maior programa do credor na história, atrás apenas de seu acordo de 2018 com o país.
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Pelas regras do FMI, um país com “o excepcional” ao dinheiro do FMI, como o programa da Argentina, não pode buscar um novo programa até que a chamada avaliação ex-post do programa anterior seja concluída.
A porta-voz-chefe do FMI, Julie Kozack, confirmou em dezembro que as negociações para um novo programa foram iniciadas, o que seria o terceiro acordo da Argentina em uma saga que já dura sete anos. Separadamente, o ministro da Economia do governo Milei, Luis Caputo, disse esperar chegar a um acordo nos primeiros quatro meses de 2025.
Os mercados estão observando atentamente as negociações de Caputo com a equipe do FMI para ver se o credor fornecerá novos financiamentos além de US$ 44 bilhões, bem como informações sobre quando a Argentina decidirá suspender sua estrutura de controles de moeda e capital que a impedem de retornar aos mercados internacionais. Ambas as questões são fundamentais para as negociações em andamento.
A avaliação ex-post pintou um quadro sombrio do último programa do FMI para a Argentina, iniciado em março de 2022. Os funcionários detalharam as decisões políticas imprudentes do governo do ex-presidente Alberto Fernández que descarrilaram o programa e a economia no período que antecedeu a eleição presidencial de 2023, vencida por Milei.
Em meados de 2023, “o programa estava quase parado”, depois que “os compromissos foram repetidamente renegados e as políticas das autoridades se desviaram significativamente do curso de várias etapas antes do processo eleitoral“, de acordo com a avaliação.
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"Em suma, a Argentina enfrentou novamente uma crise econômica completa na época da rodada final da eleição", segundo o relatório.
Após dois anos de negociações, o programa de 2022 nunca teve o apoio generalizado que a equipe do FMI buscava, já que a Argentina ou por três ministros da Economia em cerca de um mês.
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Embora Fernández tenha apoiado uma nova lei segundo a qual o Congresso teria que aprovar o acordo com o FMI, facções de seu próprio partido peronista votaram contra, revelando as lutas políticas internas que exacerbaram o colapso econômico e, por fim, abriram o caminho de Milei para a presidência.
Desde que assumiu o cargo, Milei tem enfrentado suas próprias tensões com o FMI, pois um dos principais negociadores da equipe já decidiu se afastar devido a discordâncias de política. Entretanto, a liderança do FMI aplaudiu amplamente a histórica campanha de austeridade de Milei, que ajudou a reduzir a inflação mais cedo do que o esperado.