Bloomberg Línea — Após cair mais de 1% no pregão de sexta-feira (30), o Ibovespa (IBOV) estendeu as perdas neste início de junho. O principal índice da B3 descolou de Wall Street e caiu 0,18%, aos 136.787 pontos.
Investidores locais continuam receosos com o imbróglio relacionado ao aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira que o governo vai estudar novas mudanças na medida até a próxima quarta-feira (4).
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Outro ponto de atenção foi o rebaixamento da perspectiva da nota de crédito do Brasil de “positiva” para “estável” pela Moody’s Ratings, mantendo o rating soberano em Ba1, um nível abaixo do grau de investimento.
Entre as ações, uma das maiores pressões negativas veio do Itaú (ITUB4), que caiu 0,71%. Na ponta positiva, a alta de 0,58% dos papéis da Petrobras (PETR4) não foi suficiente para manter o índice no positivo.
O movimento de alta na petroleira veio na esteira do preço do petróleo, que subiu 3,80% após a Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados) aumentar a produção de petróleo pelo terceiro mês consecutivo.
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Fechamento 02/06/2025
Já nos mercados globais, a incerteza voltou ao radar após novas reviravoltas na agenda tarifária de Donald Trump, com o presidente americano e o governo chinês se acusando mutuamente de violar o acordo comercial entre os dois países.
Houve impacto especialmente no dólar, que recuou globalmente. Contra o real, a moeda americana caiu 0,75% e fechou o dia negociada a R$ 5,68.
“Investidores fora dos EUA estão reavaliando suas exposições aos EUA, tanto em termos de ativos quanto da exposição cambial relacionada a esses ativos”, disse Matthew Hornbach, chefe global de estratégia macroeconômica do Morgan Stanley, à Bloomberg TV na segunda-feira. “Eles aumentam seus índices de hedge, e esse é um dos fatores que pressionarão o dólar para baixo nos próximos 12 meses.”
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Além do imbróglio com a China, Trump prometeu dobrar os impostos sobre todas as importações de aço e alumínio. As tensões chegaram a barrar a recuperação das ações americanas, no início do dia, mas as bolsas voltaram a subir, com o S&P 500 avançando 0,41%.
Embora a volatilidade ainda esteja presente no mercado de ações, estrategistas avaliam que é improvável que o mercado volte às mínimas do ano como ocorreu após o anúncio de tarifas de Trump em 2 de abril. Os traders enxergam essas incertezas cada vez mais como táticas de negociação.
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“A sensibilidade dos investidores e traders em relação a essas notícias sobre tarifas provavelmente está diminuindo um pouco”, disse Max Kettner, estrategista-chefe de multiativos do HSBC Holdings Plc, à Bloomberg TV.
“É principalmente uma ferramenta de negociação. Não preciso levar em conta um impacto persistente nos lucros, um impacto persistente nas perspectivas de lucros.”
Jornalista especializada na cobertura econômica. Formada pela USP, escreve sobre mercados, negócios e setor imobiliário. Tem agens por Exame, Capital Aberto e BandNews FM.