Prada compra Versace por US$ 1,38 bilhão e avança contra a LVMH e a Kering
“A Versace é uma marca bem conhecida e deve ser complementar à Prada”, disse Luca Solca, analista da Bernstein. Ainda assim, a marca “exige grandes investimentos”
Prada compra Versace por US$ 1,38 bilhão e avança contra a LVMH e a Kering |O preço final pode ser ajustado durante ou após o fechamento com base em estimativas do capital de giro e da dívida líquida da Versace, disse a Prada.(Bloomberg)
Por Tommaso Ebhardt - Jeannette Neumann - Antonio Vanuzzo
Bloomberg — A Prada concordou em comprar a Versace por cerca de US$ 1,38 bilhão em dinheiro, fortalecendo sua posição como o maior grupo de moda da Itália ao acrescentar uma das marcas mais conhecidas do setor de luxo.
A empresa sediada em Milão, controlada pela estilista bilionária Miuccia Prada e seu marido Patrizio Bertelli, está comprando a Versace da Capri Holdings, que pagou € 1,8 bilhão (US$ 2 bilhões) pela marca em 2018.
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A compra, a maior da história de 112 anos da Prada, devolve a Versace à propriedade italiana e pode colocar a empresa em uma posição melhor para competir com rivais de luxo maiores, como a LVMH e a Kering. O acordo também dá à Versace uma chance de dar a volta por cima.
"A Versace é uma marca bem conhecida e deve ser complementar à Prada", disse Luca Solca, analista da Bernstein. Ainda assim, a marca "exige grandes investimentos".
O acordo foi adiante apesar da turbulência do mercado global desencadeada pela ofensiva tarifária do presidente dos EUA, Donald Trump.
A Prada negociou durante meses a compra da casa de moda fundada por Gianni Versace na década de 1970 e conhecida por seus designs chamativos e prontos para vestir.
O preço final pode ser ajustado durante ou após o fechamento com base em estimativas do capital de giro e da dívida líquida da Versace, disse a Prada. A expectativa é que o negócio seja fechado no segundo semestre do ano.
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Para a Prada, que projeta uma estética mais sutil do que a Versace, a aquisição acrescenta diversidade à sua linha de produtos e faz com que a empresa retorne ao papel de compradora depois que os negócios da década de 1990 - incluindo Jil Sander e Helmut Lang - a sobrecarregaram com dívidas por vários anos. A casa de design abriu seu capital por meio de uma IPO em 2011 em Hong Kong.
"A aquisição da Versace marca mais um o na jornada evolutiva de nosso grupo, acrescentando uma nova dimensão, diferente e complementar", disse o CEO da Prada, Andrea Guerra, no comunicado.
A aquisição da Versace pela Prada vai contra uma tendência de décadas de grupos de moda italianos sendo adquiridos por rivais estrangeiros.
O conglomerado francês LVMH, que é proprietário da Louis Vuitton e da Christian Dior, possui marcas italianas como a Fendi e a Loro Piana. A Kering é proprietária da Gucci e de uma participação na Valentino.
Embora ainda seja um nome global, a Versace está muito distante de seu apogeu nas décadas de 1980 e 1990. Capri também é proprietário da marca Jimmy Choo.
A ambição de Capri de dobrar a receita da Versace não deu certo. Seus estilos caíram em desuso entre alguns compradores e os aumentos de preços reduziram o número de itens íveis.
A venda da Versace fortalecerá o balanço patrimonial da Capri, possibilitando a recompra de ações, e permitirá que ela invista em sua maior marca, a Michael Kors, informou a empresa.
A Prada está partindo para a ofensiva de fusões e aquisições após os resultados recordes de 2024.
Sua marca Miu Miu, que atende a consumidores mais jovens, tem sido fundamental para impulsionar a receita e ajudar a empresa a superar a recente desaceleração global da moda de alta qualidade.
Ainda assim, a Prada vale uma fração de seus maiores concorrentes. Após uma queda de cerca de 32% desde seu recorde de alta em meados de fevereiro, a Prada vale cerca de 14 bilhões de euros, em comparação com cerca de 264 bilhões de euros da LVMH.
A expansão ocorre em meio a um processo de sucessão na família Prada e Bertelli, que detém 80% da empresa.
Lorenzo Bertelli, o filho mais velho do casal bilionário, já assumiu participações acionárias importantes à medida que ganha experiência nas operações cotidianas ao liderar as unidades de marketing e sustentabilidade.
Seu papel foi crucial na aquisição da Versace, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto, que pediram para não serem identificadas para discutir conversas particulares.
--Com a ajuda de Luca Casiraghi e Angelina Rascouet.