Subsídios e produção local: a disputa da Stellantis com o governo italiano
‘Nós amamos a Itália e os nossos funcionários italianos’, disse o CEO do grupo automotivo, Carlos Tavares, em referência às fábricas no país europeu e às marcas Fiat, Maserati e Alfa Romeo
CEO da Stellantis declara ‘amor pela Itália’ após tensão com governo localJohn Elkann (à esquerda), chairman da Stellantis, e Carlos Tavares, CEO do grupo automotivo: pressão do governo italiano por investimentos e aumento de produção no país (Foto: Nathan Laine/Bloomberg)(Nathan Laine)
Bloomberg — O CEO da Stellantis, o executivo português Carlos Tavares, ofereceu um ramo de oliveira após semanas de disputa com o governo italiano e prometeu fortalecer a produção local, destacando os esforços já feitos para ampliar sua presença no país.
A montadora também está aberta a eventualmente fabricar carros da montadora chinesa Leapmotor na Itália, caso isso faça sentido do ponto de vista econômico, disse o CEO de 65 anos.
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A Stellantis fechou no ano ado um acordo de US$ 1,6 bilhão para adquirir uma participação na fabricante chinesa de veículos elétricos Zhejiang Leapmotor Technology, com o objetivo de de preencher uma lacuna em um mercado crucial na transição global para veículos elétricos.
“Compartilhamos dos mesmos objetivos do governo italiano” para fortalecer a produção para 1 milhão de veículos até 2030 ou até antes disso, se possível, disse Tavares em uma teleconferência na quinta-feira (15). “Queremos fazer mais na Itália. Amamos a Itália. Amamos nossos funcionários italianos.”
As declarações de Tavares surgem em meio a crescentes tensões entre Roma e a montadora com sede em Amsterdã, na Holanda, que possui marcas icônicas italianas como Fiat, Maserati e Alfa Romeo.
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A Stellantis recebeu críticas depois de insinuar que os empregos poderiam estar em risco em suas duas fábricas de Mirafiori e Pomigliano, ambas na Itália, devido à falta de subsídios para veículos elétricos pelo governo nacional. O governo de Roma anunciou desde então um pacote de subsídios.
O ministro da Indústria italiano, Alfredo Urso, disse aos parlamentares na quarta-feira (14) que o governo da primeira-ministra Giorgia Meloni estava em busca de atrair uma nova grande montadora para a Itália, uma medida que visa pressionar a Stellantis a investir mais no país.
“É claro que há futuro para Pomigliano, é claro que há futuro para Mirafiori”, disse Tavares a jornalistas, em uma tentativa de dissipar a polêmica. A fábrica de Pomigliano, no sul da Itália, “está em plena produção agora, é muito forte por um motivo simples, queremos vender mais Pandas”, disse Tavares.
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Segundo o CEO do grupo automotivo global, Mirafiori sofre desafios que vão além da indústria automotiva, não apenas na Itália, devido a uma desaceleração da demanda por veículos elétricos.
Tavares também observou que a Stellantis tem investido em duas plataformas na Itália, chamadas de plataforma Stella Medium e Stella Large, à medida que a montadora enfrenta uma transição difícil e custosa para a eletrificação.
“Nenhum outro país do mundo possui duas plataformas completamente novas”, apenas a Itália, disse Tavares.
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A Stellantis trabalhará “lado a lado” com o governo italiano para aumentar a produção, e Tavares também disse que está “trabalhando duro com nossos excelentes funcionários italianos” para garantir o melhor futuro possível para as fábricas no país.
Ainda assim, a eletrificação e os esforços para atrair investimentos não devem opor um país europeu contra outro, acrescentou o CEO.
“Para Turim e a Itália vencerem, não precisamos fazer com que outra pessoa perca”, dada a enorme quantidade de investimentos necessários em toda a região para combater a concorrência dos fabricantes chineses, disse Tavares.