Tivit é vendida a grupo italiano Almaviva e forma companhia com receitas de R$ 12 bi

Negócio marca a saída do fundo internacional Apax Partners, que era controlador da Tivit desde 2010; os valores da transação que envolve 100% do capital da empresa não foram divulgados

Escritório da Tivit, em São Paulo
12 de Junho, 2025 | 07:20 PM

Bloomberg Línea — O grupo italiano de tecnologia Almaviva assinou um acordo para a aquisição da Tivit, empresa brasileira de soluções digitais. O negócio dá origem a uma companhia com receita anual combinada perto de R$ 12 bilhões.

O acordo foi firmado com os fundos assessorados pela empresa de private equity britânica-americana Apax Partners, controladora da Tivit desde 2010, que buscava um comprador nos últimos anos.

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Os valores da transação não foram divulgados. Com a transação, a Almaviva assume 100% do capital da Tivit, incluindo a participação do fundador Luiz Mattar.

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Segundo comunicado divulgado nesta quinta-feira (12), a aquisição marca um movimento estratégico da empresa italiana para fortalecer sua posição em mercados emergentes e amplia sua presença em dez países da América Latina, onde a Tivit atua.

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As empresas dizem que os portfólios são complementares, com sinergias previstas em áreas como nuvem, segurança cibernética, plataformas digitais e serviços gerenciados.

A operação ainda depende da aprovação do Conselho istrativo de Defesa Econômica (Cade) e do cumprimento de outras condições usuais em transações desse tipo.

O grupo italiano de tecnologia atua em 13 países e tem cerca de 41.000 funcionários, sendo 7.000 na Itália. Em 2024, a companhia registrou receitas globais de € 1,411 bilhão de euros (mais de R$ 9 bilhões).

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A integração com a Almaviva ocorre em um momento de crescimento das áreas de cibersegurança e inteligência artificial, que estão entre os principais vetores de expansão da Tivit.

A Tivit encerrou 2024 com crescimento de 12,2% na receita bruta, totalizando R$ 2,1 bilhões, impulsionada por serviços gerenciados de cibersegurança, soluções de nuvem e transformação digital.

A área de cibersegurança cresceu 63% em receita, a unidade de cloud teve expansão de 25%, e a de soluções digitais, 16%.

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Desde que foi adquirida pela Apax, a Tivit realizou aquisições como a da chilena Synapsis e da XMS, com foco em nuvem.

Também investiu no desenvolvimento de produtos próprios, como a plataforma OneCloud e a ferramenta de IA generativa Athena.

A Tivit ou por uma reestruturação recente que incluiu o desmembramento de suas divisões de data center (Takoda) e a terceirização de processos de negócios (Neobpo), o que permitiu à companhia direcionar investimentos para soluções digitais.

Em entrevista no ano ado à Bloomberg Línea, o CEO Paulo Freitas afirmou que a cisão do negócio de data center ajudou a melhorar a estrutura financeira da companhia, o que abriu caminho para investimentos no próprio negócio digital da Tivit, com foco nas áreas de computação em nuvem e cibersegurança.

A Tivit teve ações negociadas na bolsa de valores entre 2009 e 2011, mas fechou capital em uma OPA (Oferta Pública de Aquisição), depois que Apax Partners pagou R$ 1,7 bilhão em valores da época para assumir o controle da companhia.

O grupo de tecnologia chegou a fazer duas tentativas para um novo IPO (oferta pública inicial de ações, na sigla em inglês), em 2017 e em 2019, mas desistiu em ambas as ocasiões diante das condições desfavoráveis no mercado.

Até o ano ado, uma possível nova abertura de capital ainda era vista como uma possibilidade, segundo o CEO, embora ele tenha reconhecido não haveria janela favorável nos mercados de capitais na época.

O J.P. Morgan atuou como assessor financeiro da Apax na transação, enquanto os escritórios Mattos Filho e Skadden prestaram assessoria jurídica para Apax e Tivit. Do lado da Almaviva, os escritórios Benetti & Giammarino Advogados e L.O. Baptista Advogados conduziram a parte legal.

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Filipe Serrano

É editor sênior da Bloomberg Línea Brasil e jornalista especializado na cobertura de macroeconomia, negócios, internacional e tecnologia. Foi editor de economia no jornal O Estado de S. Paulo, e editor na Exame e na revista INFO, da Editora Abril. Tem pós-graduação em Relações Internacionais pela FGV-SP, e graduação em Jornalismo pela PUC-SP.